sexta-feira, 5 de setembro de 2014

FIFA Carreira Saga - Capítulo 3 - Mourinho estava certo

“Ele vive fora da realidade e anda muito desrespeitoso. Quando o sucesso chega para as pessoas estúpidas, às vezes ele às torna ainda mais estúpidas”. José Mourinho não poupava palavras para definir o antigo manager do Arsenal, Arsène Wenger. O português e o francês não eram aquilo que se pode chamar de melhores amigos.

Mas com Zidane, a relação do Special One era diferente. Zizou havia trabalhado com Mourinho no Real Madrid, e era a ligação do técnico com a diretoria do clube espanhol. Ambos mantinham uma relação afetuosa, de admiração mútua. Mourinho, expansivo e fazendo questão de deixar claras as suas opiniões sobre tudo. Zidane, tímido e discreto, porém com o temperamento explosivo e intempestivo que volta e meia se manifestava de maneira efervescente - quem não lembra da final da Copa do Mundo de 2006?

Quando Zinedine Zidane foi anunciado como o novo comandante do Arsenal, José Mourinho soltou: “Ele é muito bem-vindo à Premier League, será interessante enfrentá-lo e ver como ele se sairá por aqui. Este é um campeonato muito difícil, não há apenas dois favoritos, como na Espanha e em outros países. Aqui, a luta é entre seis ou sete equipes diferentes”. 

As mudanças implantas por Zidane causaram efeito. No início, a equipe embalou e ficou entre as três melhores até novembro, mesmo com dois de seus principais atletas, os zagueiros Mertesacker e Vermaelen, fora por lesão por várias semanas. Os jovens Tom Lees e Jamaal Lascelles dividiram o posto ao lado de Laurent Koscielny, mantendo a solidez do setor.

Mas Zidane pagou o preço pelas mudanças e apostas que fez. Em um campeonato tão competitivo quando a Premier League, o Arsenal entrou em campo com um time muito jovem, repleto de promessas e sem um grande protagonista. Faltava profundidade ao elenco. Na virada do ano, a equipe ocupava a sexta posição na tabela. Aproveitando a janela de transferências de janeiro, Zidane foi atrás de Sterling, insatisfeito no Liverpool, e o trouxe para Emirates por 8 milhões. Em outro negócio de ocasião, contratou o rodado Vidic, de saída do Manchester United, que assinou sem custos mas só poderia estrear na próxima temporada.

Apesar da posição mediana na tabela, o Arsenal seguia perto dos líderes no número de pontos. Era sexto colocado, a 7 do Liverpool, que ocupava a ponta. Sterling deu novo fôlego à equipe, que conseguiu uma boa sequência de vitórias, mas a lesão do principal atacante da equipe, Connor Wickham, freou a ascendência, com o time escorregando e conseguindo apenas empates contra times mais fracos como Hull e WBA. O resultado foi um modesto oitavo lugar no final da temporada, distante 16 pontos do campeão, o Manchester United de Louis van Gaal, que superou o Liverpool de Brendan Rodgers e o Chelsea de Mourinho em uma disputa épica, definida apenas nas últimas rodadas. A surpresa foi o Tottenham, com uma excelente quarta posição à frente do milionário Manchester Ciy, além do surpreendente Swansea, puxado pela ótima temporada do artilheiro de Wilfried Bony.

Luke James havia sido uma ótima surpresa, saindo da League Two e fazendo um campeonato convincente em sua primeira temporada, demonstrando talento e maturidade no alto dos seus 19 anos. Lascelles superou as expectativas, e a sua contratação em definitivo era dada como certa. No meio, a dupla Ramsey/Wilshere era o cérebro siamês que pensava o jogo do Arsenal, enquanto Wickham e o polivalente McCormack davam tiros certeiros lá na frente. Özil era uma incógnita, com números apenas modestos, assim como a zaga, que causava preocupação devido às lesões fortes sofridas por Mertesacker, Vermaelen e Koscienly ao longo da temporada.

“Stuck in the Middle with You”, a clássica canção do Stealers Wheel, rodava a todo volume quando Zidane parou seu carro em Emirates naquela tarde de junho. Os rumores eram fortes, os boatos só cresciam. Os jornais davam como certa a sua demissão após não alcançar os resultados esperados em sua primeira temporada no posto que havia sido de Wenger por quase duas décadas. Lembrou-se das palavras de Arsène, que em um passado não muito distante havia declarado que ele não era o líder que a Seleção Francesa precisava, que conduziria a França rumo à novas vitórias. Mas logo também se lembrou que havia sido o próprio Wenger que o havia indicado como seu sucessor, e deixou as lembranças para trás.

O clima estava pesado, e a mensagem da diretoria foi clara: a temporada havia sido decepcionante, abaixo do esperado. Porém, eles sabiam que a transição não seria simples, que não se poderia mudar um trabalho de 18 anos em apenas um. E, por esse motivo, seguiam confiando em Zinedine, mas esperavam resultados muito mais expressivos em 2014/2015. Zizou expôs seus pontos de vista, admitiu alguns erros na montagem do elenco e colocou na mesa dois nomes fundamentais para que o Arsenal lutasse de igual para igual com qualquer um na nova temporada: Neymar e Diego Costa. Mostrou também como pretendia fechar com ambos, quais atletas pensava em se desfazer, de onde viria o caminhão de euros necessário para contratar o craque brasileiro do Barcelona. O que era uma reunião pesada se transformou em uma animada conversa sobre os planos futuros, e Zidane, que havia entrada na reunião com o cargo em risco e uma proposta do Everton embaixo do braço, saiu com o comprometimento da diretoria em fazer o possível para trazer os atletas que ele queria.

Mourinho estava certo. Ele entendeu o que precisava ser feito.

Abaixo, as estatísticas da temporada:

Arsenal 2013/2014
J - Jogos
G - Gols
A - Assistências

Goleiros:
1 Wojciech Szczesny (36J)
23 Alex Smithies (2J)
34 Karl Darlow

Defensores:
2 Calum Chambers (14J)
3 Tom Lees (8J)
4 Per Mertesacker (19J, 2G, 1A)
5 Thomas Vermaelen (22J, 3G)
6 Laurent Koscielny (24J)
17 Nacho Monreal (17J, 2G, 2A)
25 Carl Jenkinson (31J)
26 Jamaal Lascelles (11J)
28 Kieran Gibbs (28J, 1G, 3A)
33 Ben Nugent (1J)

Meio-campistas:
7 Thomas Ince (18J, 1G)
8 Nathaniel Chalobah (4J, 1A)
9 Lukas Podolski (15J, 3G, 4A)
10 Jack Wilshere (33J, 3G, 3A)
11 Mesut Özil (34J, 5G, 11A)
14 Theo Walcott (23J, 3G, 7A) 
16 Aaron Ramsey (36J, 2G, 1A)
19 Santi Cazorla (27J, 5G, 2A)

Atacantes:
12 Luke James (22J, 9G, 3A)
18 Rory Donnelly (5J)
20 Andreas Weimann (22J, 8G, 1A)
22 Connor Wickham (23J, 9G, 4A)
31 Raheem Sterling (26J, 3G, 5A)
44 Ross McCormack (27J, 8G, 7A)

26 jogadores, sendo 15 ingleses

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