quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Os serviços de streaming e a nova forma de consumir música


Você já deve ter ouvido algo a respeito dos principais serviços de streaming de música disponíveis. Rdio, Spotify e Deezer são citados com frequência em qualquer veículo sobre música. Os três dominam o mercado de aplicativos que permitem que o usuário ouça a música que quiser em qualquer lugar que estiver. O Spotify é o principal e mais popular em todo o mundo. Deezer e Rdio vêm logo atrás. Similares em diversos aspectos e diferentes em outros, os três dividem a preferência dos ouvintes.


Vou falar sobre a minha experiência com o streaming de música. Após testar o Deezer e o Rdio, por recomendação de amigos assinei o segundo em dezembro de 2013. O preço é o mesmo da Netflix: R$ 14,90 mensais, com acesso ilimitado a todo o catálogo disponibilizado pelo aplicativo - e acredite, ele é gigantesco, indo de sucessos atuais até um mergulho profundo no passado e em sons obscuros e pouco conhecidos. Desde então, não comprei mais CDs. Nenhum. Nada. E olha que eu tinha o hábito de adquirir entre 15 e 20 CDs todos os meses. Agora, não faço mais isso. O Rdio mudou a minha forma de consumir música. Ouço no iPhone, através do aplicativo para o celular, em qualquer lugar que estou. Em casa, ele está instalado no iPad. Sincronizo o bluetooth do tablet com o aparelho de som, e tenho na tela milhares e milhares de discos. E tudo com qualidade de som excelente, ótima, de primeira e todos os outros sinônimos que você imaginar. E mais: é possível baixar tanto para o celular quanto para o tablet o que você escolher, ouvindo assim as músicas no modo offline, sem usar a sua conexão 3G ou wi-fi.


Com o Spotify e com o Deezer é a mesma coisa. Eu não uso o Deezer, não curti. Mas, com a chegada do Spotify, assinei também para ver como ele funciona - o valor é similar ao Rdio, US$ 5,90 mensais. Minhas observações: o catálogo do Spotify é ainda mais completo, com diversos discos e artistas que não estão disponíveis no Rdio. O principal é a minha banda do coração: enquanto não é possível encontrar nada do Led Zeppelin no Rdio, no Spotify todos os discos estão disponíveis. E em ambos, Beatles e AC/DC são as ausências mais sentidas, sem nenhum álbum oficial disponibilizado - certamente, por uma negociação que não foi bem sucedida com as bandas.



Resultado: migrei para o Spotify e larguei o Rdio, mesmo com o segundo tendo ficado totalmente gratuito, pelo que parece.



Eu ouço, consumo e coleciono música e discos há 30 anos. São três décadas de som. Quem me conhece sabe que a música é importantíssima na minha vida. Porém, nunca fui saudosista. Tenho lá os meus discos de vinil que recomecei a comprar aos poucos, apenas alguns títulos que possuem um significado especial para mim. Em relação ao CDs, uma parede com mais de 1.500 títulos decora a sala de estar do meu apartamento. Apesar disso, não tenho mais encostado nestes discos nos últimos seis meses. Atualmente, todo o meu consumo de música é feito através do streaming. Pode parecer radical, mas o sistema casou completamente comigo. Na rua, o celular faz a trilha no fone de ouvido. Em casa, música e descobertas via wi-fi. Não há limites, não há fronteiras, tudo é possível.


Pode ser que para você as coisas não aconteçam assim. Alguns colecionadores de discos - a maioria, na verdade -, têm dificuldade em abrir mão do formato físico, principalmente do vinil. Para mim, isso não acontece. A tão alegada e propagada qualidade sonora superior dos LPs é perceptível aos meus ouvidos - seja escutando CDs, rádios ou através do streaming -, mas não possui um diferencial tão claro e decisivo que me impeça de curtir música em outros formatos.


Talvez, em certos aspectos, eu esteja ficando velho - ou já estou, como bem atesta a minha barba branca. Um suposto ultrapassado, no entanto, não estaria consumindo música quase que exclusivamente através de seu iPhone e de seu iPad. Mas um “velho” como eu não tem mais saco e nem paciência para investir uma grana considerável em música no formato físico, quando a alternativa do streaming não apenas é mais em conta, como no meu caso bastante similar. Eu sei que não tenho a capa na mão, não tenho o encarte para folhear, não existe a textura para tocar e nem o cheiro para sentir. Mas fiz um escolha: tudo isso eu deixo apenas para alguns itens - e bem poucos. O que eu quero é música nos meus dias, e não necessariamente uma montanha de itens enchendo espaço. Essa afirmação pode parecer estranha vinda de alguém que criou um site dedicado a colecionadores de discos, mas devo admitir que esse mundo cheio de regras e mandamentos me cansou e deixou de fazer sentido para mim já há algum tempo.




A música, no entanto, jamais deixará de fazer sentido, de tornar os dias melhores, de ser companhia nos mais diversos momentos. E é justamente essa parceria, essa cumplicidade, esse estar sempre ao lado, que o streaming torna ainda mais efetivo. Na rua caminhando, no supermercado fazendo compras, almoçando, dando um tempo no meio da tarde enquanto bebo um café, fazendo o que for, o streaming me possibilita estar SEMPRE ao lado dos meus discos e música favoritas. Com ele, tudo está ao alcance da mão. E isso, no modo como eu me relaciono com a música, foi um fator decisivo para que eu mergulhasse definitivamente nessa nova forma de consumir música.


Só pra fechar: entre Rdio, Spotify e Deezer, a escolha é subjetiva e puramente pessoal. Experimente os três, veja qual você mais gosta, as facilidades e qualidades de cada um, e faça a sua escolha.


Com o streaming a música tomou uma nova forma, que inclusive conseguiu colocar a pirataria em segundo plano - assim como não comprei mais discos, também parei de fazer downloads nos últimos meses. E, para mim, parece que esse caminho é definitivo e sem volta.


Ainda bem, diga-se de passagem.

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