Após 18 anos, Arsène Wenger deixou o Arsenal. O francês sentiu que havia feito tudo o que desejava no clube inglês. E ele fez muito. Como manager do time londrino, Wenger conquistou três vezes a Premier League (incluindo um soberbo título invicto na temporada 2003/2004, tendo como protagonista o também francês Thierry Henry), 5 FA Cups e 5 vezes o Community Shield, além de conduzir o Arsenal a um inédito vice-campeonato na UEFA Champions League 2005/2006.
Mas o maior feito do francês foi mudar a estrutura, a forma, a maneira como o Arsenal passou a jogar e administrar o seu futebol. Um jogo de toque de bola, extremamente técnico, bonito e ofensivo, onde a prioridade sempre foi formar jogadores ao invés de trazer craques a preços astronômicos. E que se mostrou vencedora em diversos momentos. Mas que, como toda história, um dia chega ao fim.
A torcida recebeu a notícia da saída de Arsène Wenger com um misto de alegria e medo. Alegria e alívio pelas sucessivas frustrações que as últimas temporadas do Arsenal causaram, com o time não tendo forças para disputar o título inglês e fazendo campanhas medianas nas competições continentais. E medo pelo receio de que a história vivida pelo rival Manchester United, que ainda não conseguiu se reconstruir após os 26 anos sob o comando do escocês Alex Ferguson, poderia se repetir em Emirates.
Vacinada contra o efeito David Moyses - o substituto apontado por Sir Alex e que não conseguiu guiar o United para novas conquistas -, a diretoria do Arsenal trabalhou a transição entre a saída de Wenger e a chegada de um novo técnico com calma e sem pressa. E, após semanas de discussões entre os mais variados nomes, chegou ao escolhido. Um craque do passado, um dos maiores jogadores da história recente, iniciando como manager e, não por acaso, também francês: Zinedine Zidane.
Zidane viveu experiências enriquecedoras nos últimos anos. Ligado ao Real Madrid, clube onde encerrou a carreira e iniciou a sua trajetória como técnico à frente do Real Madrid Castilla, Zizou esteve lado a lado trabalhando de maneira muito próximo a José Mourinho e Carlo Ancelotti nos últimos três anos, aprendendo e entendendo melhor a forma de pensar de dois dos treinadores mais vencedores da atualidade.
O desafio no Arsenal seria grande, enorme, é claro, afinal ele assumiria o posto de Wenger, que havia conduzido a equipe londrina a um longo período vitorioso. Mas um craque da estatura de Zidane sabe muito bem o que são desafios, sabe como enfrentá-los e vencê-los.
A torcida, é claro, reagiu bem à escolha de Zinedine. O impacto midiático do anúncio, levando para a Premier League um dos maiores nomes do futebol moderno em seu primeiro grande trabalho como manager, tendo como objetivo conduzir o time com a terceira maior torcida da Inglaterra a um novo ciclo de vitórias, foi enorme e imediato, com as atenções ainda mais focadas nos Gunners.
A relação entre Wenger e Zidane, marcada tanto por elogios quanto por críticas públicas mútuas no passado, entrava agora em uma nova era, com Wenger assumindo o papel de consultor e conselheiro nos bastidores. Zidane teria autonomia absoluta, mas seus ouvidos estariam sempre abertos aos conselhos do experiente compatriota.
Um novo capítulo da história do Arsenal estava começando. Vamos ver se ele será tão vitorioso quanto o anterior.
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